ENSINO Data de Publicação: 04 jun 2025 18:03 Data de Atualização: 06 jun 2025 19:03
Pelo menos duas vezes na semana, a estudante Graziela Nunes, de 43 anos, percorre de ônibus os 210km que separam Araranguá da capital catarinense para estudar no Câmpus Florianópolis-Continente do IFSC, e depois retorna para a casa. Um sacrifício que ela faz pela vontade de trabalhar com confeitaria e panificação em sua cidade, principalmente com pães de fermentação natural.
“Um curso desse, em uma instituição particular, custa 2 ou 3 mil reais por mês na minha região [Sul de Santa Catarina]. E eu não tenho condições de pagar isso”, diz, referindo-se ao curso superior de tecnologia em Gastronomia, no qual estuda há um ano e meio. Ela também está matriculada no curso técnico em Panificação.
A rotina, porém, não é fácil. “A viagem é a pior parte”, comenta. São, em geral, de quatro a cinco horas de estrada, dependendo do movimento na rodovia BR-101, principalmente no Morro dos Cavalos, em Palhoça.
Graziela costuma sair de Araranguá de manhã cedo e retornar no mesmo dia à noite à cidade do Sul de Santa Catarina. Às vezes vem um dia antes das aulas e fica no apartamento de uma amiga em São José. Alugar um imóvel para permanecer mais tempo ou pernoitar perto de Florianópolis é uma opção inviável para ela por causa dos altos preços cobrados na região que tem um dos metros quadrados mais caros do Brasil.
Por causa dos compromissos em Araranguá, Graziela não consegue frequentar todas as unidades curriculares. Neste semestre, fez duas disciplinas, uma de cada curso, às segundas e às quartas. Para o próximo semestre, o desafio é novamente conseguir conciliar a vida no Sul do estado com a rotina de estudos em Florianópolis para tentar avançar nos cursos. “Por mais que tenha empecilhos, não quero parar de estudar”, afirma.
Uma das motivações de Graziela vem da mãe, que era confeiteira. “Lembro de acordar de manhã sentindo o cheiro dos salgadinhos e docinhos”, recorda. A estudante do IFSC também já trabalhou com confeitaria, produzindo docinhos e salgadinhos e depois, junto com uma sócia, montando kits para festas.
Apesar dessa experiência, ela sentiu que precisava se capacitar mais para expandir suas possibilidades de atuação. “O conhecimento técnico te economiza tempo e faz tu veres as coisas de uma maneira diferente”, avalia.