Câmpus da Serra presentes na Abertura do Sepei 2023

CÂMPUS LAGES Data de Publicação: 18 abr 2023 10:01 Data de Atualização: 19 abr 2023 17:41

Cerca de 70% dos brasileiros de 15 a 24 anos acham difícil, muito difícil ou impossível identificar se um conteúdo sobre ciência e tecnologia é falso, segundo levantamento feito em 2021 pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “E nós estamos numa instituição que tem ciência e tecnologia no nome. Nós vamos esperar quem fazer alguma coisa? É preciso agir, fazer alguma coisa para mudar essa realidade”, enfatizou o professor Marcelo Girardi Schappo, que atua na área de Física no Câmpus São José, durante a palestra de abertura do 9º Seminário de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação (Sepei 2023), na noite desta segunda-feira (17 de abril). “É preciso sempre lembrar disso: 70% dos jovens que chegam na primeira fase dos nossos cursos [técnicos] integrados não sabem identificar uma fake news sobre ciência e tecnologia”.

Schappo, que além da docência no IFSC tem forte atuação em divulgação e comunicação científica, falou sobre pseudociências, desinformação e a necessidade de se ensinar o raciocínio crítico na palestra “Pseudociências além da pandemia: novos desafios, velhos problemas”. Em sua análise, a disseminação de desinformação sobre ciência e tecnologia durante a pandemia de Covid-19 trouxe maior atenção para essa problemática. Porém, o problema é bem mais antigo, já que o que hoje entendemos como desinformação (ou fake news) existe desde a era pré-internet, abrangendo os temas mais variados.

“A gente está falando de desafios pós-pandêmicos que já vêm pré-pandêmicos, só que ninguém ligava muito para eles”, ironizou, mostrando referências de épocas bem anteriores à emergência da Covid-19 que já revelavam impactos das fake news na sociedade. O problema é alimentado pelas chamadas pseudociências, que, define, são “afirmações sobre a natureza que parecem científicas, mas ou não possuem evidências, ou apresentam evidências ruins” - ou seja, as evidências supostamente apresentadas não têm rigor metodológico, não seguem os procedimentos do método científico. As pseudociências podem parecer ciência e convencer como a ciência, embora não sejam baseadas em boas evidências ou nem mesmo tenham evidências daquilo que pretendem “provar”.

Exemplos de pseudociências como astrologia, terraplanismo, movimento antivacina, vidência e telecinese são assuntos que aparecem na sala de aula e não devem ser ignorados. “Nós, professores de ciências na sala de aula, a maioria de nós ignora essas perguntas”, provoca Schappo. “Tem muito assunto relacionado a pseudociência que vai chegar na nossa sala de aula e a gente vai ignorar, porque o problema é pequeno, mas problemas pequenos, ignorados, tornam-se problemas grandes. Ou a gente pode lidar com isso de alguma forma. Eu escolho lidar”. Schappo considera importante inclusive que, em vez de ser ignorada, a relação entre ciência e pseudociência precisa ser deliberadamente trabalhada em sala de aula, inclusive nos cursos de graduação.

As pseudociências estão muito presentes no nosso cotidiano, isso é um fato. Mas o que fazer para resolver isso? “Raciocínio científico, raciocínio crítico, analisando criticamente as alegações das pseudociências e buscando as evidências”, responde o professor. Por meio de estudos criteriosos, a ciência busca esclarecer o que é pseudociência ou não e, a partir daí, cabe a cada indivíduo optar por consumir ou acreditar nela, numa escolha consciente e esclarecida. “As pessoas muitas vezes adquirem um produto ou serviço pseudocientífico não conscientes de que se trata de pseudociência”.

Ensinar o pensamento crítico, o pensamento científico, é papel das instituições de ciência e tecnologia, como é o caso do IFSC. Marcelo Schappo dá exemplos de ações que podem ser executadas no ensino, pesquisa e extensão desenvolvidos na instituição: educação científica, formação continuada, divulgação científica, curricularização da extensão, produção de informação clara e confiável sobre assuntos de ciência. “O jornalismo profissional reforça seu valor no mundo pós-pandemia”, enfatizou.

A palestra “Pseudociências além da pandemia: novos desafios, velhos problemas”, do professor Marcelo Schappo, foi transmitida ao vivo pelo canal do IFSC no YouTube. Assista à gravação (a partir do minuto 36):

 

Cerimônia de abertura

A cerimônia de abertura começou com a apresentação da Escola Bolshoi, que em pouco mais de 30 minutos apresentou trechos de ballet clássicos como a Morte do Cisne, Esmeralda, Romeu e Julieta, Carmen e Dom Quixote. O convite à tradicional escola de ballet para iniciar o Sepei 2023 foi uma forma de homenagear a cidade, uma vez que Joinville é considerada a capital da dança e única sede de uma Escola Teatro do Ballet Bolshoi fora da Rússia.

Essa é a primeira edição presencial do Sepei, após um intervalo de três anos – em 2020 e 2021 por conta da pandemia, em 2022 em razão de cortes orçamentários. “Este evento representa uma oportunidade única para discutirmos e refletirmos sobre a importância desses quatro pilares (ensino, pesquisa, extensão e inovação) na educação profissional e tecnológica. Esses quatro elementos estão interconectados e têm papéis complementares na formação de nossos estudantes em profissionais capacitados, transformadores e protagonistas na promoção do desenvolvimento socioeconômico e cultural”, destacou o reitor do IFSC, Maurício Gariba Júnior em sua fala.

O pró-reitor de Extensão e Relações Externas e coordenador da comissão do Sepei, Valter Vander de Oliveira, destacou todos os esforços de servidores, estudantes e autoridades. “É uma honra e um desafio estar hoje aqui representando a comissão que organizou e está trabalhando para que esta edição fique marcada na história da instituição. O sepei tem uma missão importante que é de promover encontros e reencontros. Formar novas conexões, novas amizades e dar visibilidade às nossas ações de ensino, pesquisa, extensão, inovação, arte de cultura”.

Para chegar até a edição deste ano, o pró-reitor destacou que foi preciso olhar para todos os desafios e problemas superados e seguir em frente para construir um futuro melhor. “Enfrentamos uma pandemia de Covid, passamos por um período de intervenção no IFSC e um período de cortes orçamentários. O retorno à convivência após o isolamento nos trouxe os discursos de ódios, ataques a escolas, atos que nos entristecem profundamente. Mas temos que acreditar que tudo isso vai passar, vamos superar e voltaremos ainda mais fortes”, afirmou.

O diretor-geral do Câmpus Joinville, Maick da Silveira Viana, como câmpus anfitrião, deu a boas-vindas a todos os participantes. “Recebemos todos de braços abertos e esperamos que possam criar bons momentos e boas memórias. Há mais de três anos esperávamos por este momento, desde quando fomos escolhidos como sede do Sepei de 2020, a primeira vez na região norte do Estado”. Luana da Silva Teixeira, estudante do Câmpus Joinville, representou os estudantes. “Como primeiro Sepei presencial após a pandemia de Covid-19, só aumentaram as nossas expectativas para o evento”, disse Luana, dando as boas-vindas aos participantes.

Para a gerente regional de educação, Sônia Leandro Paul, o evento tem grande importância no processo formativo dos estudantes da instituição, pois é uma oportunidade de compartilhar conhecimentos e experiências, além de promover uma reflexão crítica sobre as práticas educacionais científicas e sociais que compõem a formação integral na perspectiva do mundo do trabalho.”É preciso que a escola e a universidade de formação técnica e profissional estejam cada vez mais próximas da comunidade, envolvendo-se em atividades de extensão e conhecimento do campo de trabalho”, afirmou.”Como educadora que sou, tenho a esperança de que dias melhore faremos a partir da educação, centrada no humano e nas possibilidades de amar, pois acreditamos numa sociedade mais justa e fraterna”.

O assessor do Núcleo Estruturante de Políticas de Inovação da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec)  Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), Pierre Teza, afirmou que uma das formas de unir e reconstruir o país é com a educação, em especial com a Educação Profissional e Tecnológica, que aproxima diferentes públicos do ensino formal e a rede federal tem papel fundamental nisso.

Participação da Serra

Os Câmpus Lages e Urupema estão presentes no evento. O Câmpus Urupema do IFSC estará presente nesta edição com uma delegação de 15 pessoas, sendo cinco servidores (docentes) e dez alunos. "A edição de 2023 marca o retorno do Sepei no modo presencial após o período da pandemia, então as expectativas são grandes. A programação do evento está excelente, teremos diversas atividades durante os três dias de realização", comenta Geovani Raulino, docente e articulador local do câmpus.

A ansiedade é também compartilhada pelos estudantes, em especial aqueles que viverão a experiência de participar de um evento científico pela primeira vez. Como é o caso de Jiully Crissyan Ferro dos Santos, aluna da terceira fase do curso superior de Engenharia de Alimentos do Câmpus Urupema. "Nossa, eu não consigo nem por em palavras, acho que um evento como esse agrega muito para minha formação, a gente consegue expandir nossos horizontes culturais e conhecer muito mais sobre a nossa área e sobre as outras pesquisas magníficas que o IFSC está desenvolvendo", disse.

Já o Câmpus Lages está presente com 18 pessoas, sendo 13 alunos e cinco professores. "A expectativa em relação de participar pela primeira vez do maior evento científico do IFSC estava sendo muito grande, ainda mais com a questão em que ficamos dois anos na pandemia com todas as atividades suspensas por conta da COVID-19. A bagagem que a participação nesses eventos traze para nossa vida acadêmica é muito grande, pois além de conhecer novos projetos e novas pessoas (estudantes e professores), nós também acabamos tendo uma experiência positiva na apresentação de trabalhos", comenta Roberta Andrade Furtado, aluna da quinta fase de Engenharia Química.


 

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