INSTITUCIONAL Data de Publicação: 10 out 2025 09:29 Data de Atualização: 10 out 2025 20:03
Em capacitação promovida pela Ouvidoria, IFSC formou primeiro grupo de servidores para mediação de conflitos. Foto: Divulgação/Ouvidoria IFSC
A conclusão do curso representa o passo definitivo para implementação do Espaço e das Câmaras de Mediação de Conflitos. Foto: Divulgação/Ouvidoria IFSC
O último módulo da formação, realizado presencialmente entre os dias 7 e 9 de outubro, contou com a simulação de casos fictícios. Foto: Divulgação/Ouvidoria IFSC
Da esquerda para direita: a professora Rogéria Francisca Silva; a ouvidora adjunta, Danieli Oro; o ouvidor geral do IFSC, Samuel de Souza Evangelista; e a professora Polyanne Abadia da Silva. Foto: Divulgação/Ouvidoria IFSC
A formação abordou desde os fundamentos da administração pública e liderança até os métodos adequados de gestão de conflitos. Foto: Divulgação/Ouvidoria IFSC
A iniciativa deve ter um impacto direto na redução do número de Processos Administrativos Disciplinares (PADs). Foto: Divulgação/Ouvidoria IFSC
A atuação das Câmaras de Mediação ocorrerá por meio da Ouvidoria do IFSC, em casos encaminhados pelo canal Fala.BR da CGU. Foto: Divulgação/Ouvidoria IFSC
Na última quinta-feira, dia 9 de outubro, a Sala dos Conselhos na Reitoria do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) foi palco para o exercício de diálogo, escuta e empatia. Servidores de diferentes câmpus participaram de simulações de casos de conflitos institucionais, encerrando as atividades presenciais do Curso de Gestão em Mediação, promovido pela Ouvidoria do IFSC.
O exercício prático representou a última etapa de um processo formativo de 60 horas-aula, estruturado em quatro módulos e destinado capacitar servidores como mediadores internos em situações de divergência interpessoal ou funcional. “Com a conclusão dessa atividade e a formação dos servidores, temos agora o Espaço de Mediação constituído no IFSC”, destaca o ouvidor geral Samuel de Souza Evangelista.
Durante a atividade, os participantes vivenciaram o papel de mediadores em situações fictícias inspiradas no cotidiano da instituição, como desentendimentos entre colegas, ruídos de comunicação em equipes de gestão e dificuldades de relacionamento. O objetivo foi traduzir, na prática, as técnicas e princípios estudados ao longo do curso, que abordou desde os fundamentos da administração pública e liderança até os métodos adequados de gestão de conflitos.
Segundo Samuel, a iniciativa marca a consolidação da política institucional de mediação. “A capacitação foi fundamental para tornar os servidores capazes de atuarem perante os conflitos nos câmpus, na Reitoria e também nas ocorrências intercâmpus”, afirma. O ouvidor ressalta que a mediação, neste primeiro momento, será realizada somente por servidores. Porém, no futuro as ações devem envolver os demais membros da comunidade acadêmica, como estudantes, trabalhadores terceirizados e parceiros externos.
Formação para um novo tempo institucional
Iniciado em agosto, o curso foi dividido em quatro módulos, dos quais os três primeiros ocorreram de forma on-line. O último, denominado Gestão do Conflito na Prática – Casos Fictícios, reuniu os participantes nos dias 7, 8 e 9 de outubro para três dias de imersão presencial com as professoras Rogéria Francisca Silva e Polyanne Abadia da Silva, da Universidade Federal de Goiás (UFG).
As atividades envolveram desde o estudo de fatores ambientais e éticos até a aplicação na prática da “Agenda da Mediação”, uma abordagem bastante utilizada na resolução de conflitos, que direciona o diálogo para o entendimento mútuo e para a construção de soluções baseadas nas necessidades legítimas das pessoas envolvidas, em vez de focar apenas na culpa ou na posição inicial de cada um.
A conclusão do curso representa o passo definitivo para implementação do Espaço de Mediação de Conflitos e das Câmaras de Mediação de Conflitos, criados pela Portaria nº 465/2025. “Esse grupo já está preparado para iniciar seus trabalhos nos 22 câmpus e na Reitoria. Ele terá esse papel de estar presente junto aos servidores e à gestão, auxiliando na pacificação e tendo a atribuição de construir boas relações no ambiente de trabalho, com uma cultura de boa comunicação”, afirma. “Isso irá diminuir questões que possam interferir na política, na missão e nos valores da instituição”, complementa.
Confira a lista dos servidores capacitados para atuar na mediação de conflitos.
As câmaras regionais de mediação, previstas na portaria, serão compostas por servidores capacitados e distribuídas nas cinco regiões do Estado onde o IFSC mantém suas unidades. A proposta é que esses espaços funcionem como instâncias de conciliação de conflitos internos, com foco na ética, no respeito e na busca de soluções colaborativas, antes que situações cheguem a instâncias disciplinares ou correcionais. “Acredito que haverá um impacto direto na redução do número de Processos Administrativos Disciplinares (PADs). A maioria deles começa com pequenos conflitos, que – quando não tratados – vão se escalonando e chegam a um ponto onde não cabe mais a medição. Então, a Corregedoria será muito beneficiada nesse sentido”, acrescentou Samuel.
Prática e reflexão: o olhar de quem participou
Entre os novos mediadores, a sensação foi de aprendizado aplicado e transformador. A assistente em Administração Eliane Fatima Nunes de Souza, servidora do Câmpus São Miguel do Oeste, participou dos encontros presenciais que encerraram a formação e destacou o impacto prático da experiência. “Foi importante para nos sentirmos parte de um processo de mediação e nos prepararmos para essas situações. O aprendizado principal foi que o reestabelecimento do diálogo é o objetivo primordial e é necessário o aperfeiçoamento constante e para a consciência de que o mediador não é o dono da verdade”, relatou.
Eliane contou que, ao longo das aulas, a capacitação abordou conteúdos e as práticas relacionadas a questões interpessoais dos servidores e a utilização de ferramentas que podem resultar em um ambiente de trabalho mais harmonioso. “Na minha visão é importante investir em formação voltada à mediação para que esta se torne um instrumento efetivo de apoio à gestão, que não vem para substituir o trabalho do gestor, nem para interferir no trabalho de outras áreas ou setores que já vem exercendo com maestria seus trabalhos”, avaliou.
Para ela, a constituição das Câmaras de Mediação representa um importante passo para o fortalecimento de espaços institucionais para tratar de divergências com empatia e profissionalismo. “Espera-se que o trabalho das Câmaras de Mediação se consolide, por meio de normativas e de uma atuação efetiva e colaborativa”, disse.
Ouvidoria: de canal de denúncia a espaço de diálogo
A Ouvidoria do IFSC vem ampliando seu papel dentro da instituição. Além de atuar como canal de denúncias e de acesso à informação, o setor tem se dedicado à promoção de boas práticas de convivência. O relatório mais recente da unidade revela que, entre 2023 e 2024, foram registradas 978 manifestações, sendo as categorias “Denúncia” e “Reclamação” as mais frequentes, com 42,2% e 41,1% dos casos, respectivamente. As principais demandas envolveram conduta docente (81 casos), assédio moral (57) e conduta ética (47).
De acordo com Samuel, esses números reforçam a necessidade de investir em mediação e formação. Apesar de a resolutividade de casos atingir 97,81%, conforme dados do Painel Resolveu? (outubro de 2025), a Ouvidoria tem buscado aprimorar ainda mais a qualidade das manifestações recebidas.
Para a atuação das Câmaras de Mediação de Conflitos, a solicitação ocorrerá por meio da Ouvidoria do IFSC. Para isso, os interessados devem realizar o encaminhamento pelo canal oficial Fala.BR – plataforma da Controladoria-Geral da União (CGU) para ouvidoria e acesso à informação.