Reflexão sobre a Ciência por trás das estradas marca a abertura da SNCT em Garopaba

SNCT Data de Publicação: 18 out 2023 11:20 Data de Atualização: 23 out 2023 22:18

Quando se fala de Ciência, logo se imagina um laboratório ou pesquisadores em uma grande instituição. Mas a Ciência está no dia a dia, inclusive, nas estradas que provavelmente você percorre sem refletir sobre o que está por trás da construção desta malha viária. Como forma de estimular a curiosidade científica e o pensamento crítico da sociedade - que é um dos objetivos da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) - , o Câmpus Garopaba trouxe esta temática para a mesa de abertura da sua SNCT local, realizada nesta terça-feira (17). A proposta foi convergir biodiversidade, arqueologia e engenharia a partir das explanações dos palestrantes Fernanda Zimmermann Teixeira, Rossano Lopes Bastos e João Manoel Nascimento.

As redes de estradas estão espalhadas por quase todos os continentes e servem para conectar as pessoas. No entanto, ao construir uma via, essa rede se sobrepõe a outras já existentes no território, causando impactos ambientais como a perda de habitat, a poluição química e sonora, a mudança na hidrologia, a movimentação de espécies invasoras, a existência de luz e de uma barreira física, além da mortalidade de espécies por atropelamento. “Toda essa gama de impactos criou uma linha de pesquisa dentro da ecologia chamada ecologia de rodovias e ferrovias”, explicou a bióloga Fernanda Zimmermann Teixeira, que integra o Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A pesquisadora apresentou algumas soluções para reduzir os impactos com a construção de estradas, como passagem de fauna, pontes de dossel,viadutos vegetados e estradas elevadas. “É importante a gente pensar que, para cada tipo de impacto, tem um tipo de solução adequada”, destacou.

Fernanda chamou a atenção para se pensar em reduzir impactos nas fases iniciais de um projeto de construção e não apenas na etapa final. “Na hierarquia de mitigação de impactos - que seria evitar, minimizar, restaurar e compensar -, a gente em geral pensa em compensar e não nas etapas anteriores”, alertou.

Impactos ambientais e arqueológicos

“Abrir estradas é descobrir sítios arqueológicos e também destruí-los”, afirmou o arqueólogo Rossano Lopes Bastos. Sítios arqueológicos são locais onde se encontram vestígios de ocupação humana. O pesquisador - que atuou por muitos anos junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) - convidou o público a fazer a seguinte reflexão: “O que a rodovia irá nos trazer além da destruição do patrimônio arqueológico?”

De acordo com o arqueólogo, o Brasil não sabe valorizar a riqueza arqueológica que possui, vendo o recurso arqueológico como impeditivo ao invés de um ativo. “Não é possível que, no Brasil, tenhamos sítios arqueológicos e não geramos nada com isso, nem conhecimento e nem turismo”, ressaltou.

Ao invés de apresentar conceitos arqueológicos, o pesquisador preferiu fazer um apelo aos jovens estudantes que acompanhavam a mesa. “Cabe à juventude entender que esse País só vai dar certo quando a pluralidade for reconhecida e valorizada e tanto a arqueologia como o patrimônio precisam dessa diversidade”, destacou.

Para fechar a explanação, o engenheiro da Prefeitura de Garopaba e aluno do curso de Mestrado em Clima e Ambiente do IFSC João Manoel Nascimento apresentou os tipos de estradas e explicou como são projetadas, mencionando que são feitos estudos topográficos, hidrológicos, geotécnicos, ambientais e arqueológicos. “Como resultado dos estudos, são avaliadas as restrições ou condicionantes e as necessidades e diretrizes rodoviárias e urbanísticas e, às vezes, a questão ambiental ou arqueológica modifica o projeto da estrada”, disse.

O engenheiro comentou ainda sobre os tipos de pavimento e quais seriam menos impactantes para o meio ambiente. “Não tem uma resposta, pois tudo depende de diversos fatores”, afirmou.

SNCT Garopaba

A SNCT do Câmpus Garopaba segue até esta quinta-feira com diversas atividades. Veja a programação aqui.

Na abertura do evento, a diretora-geral do Câmpus Garopaba,  Micheline Sartori, destacou que o evento é uma oportunidade do câmpus compartilhar com a comunidade o seu trabalho. “Este é um momento em que mostramos o que nós temos e o que fazemos e produzimos muito”, ressaltou. Neste ano, o Câmpus Garopaba completou 10 anos de atividade.

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Sobre a SNCT

A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) tem o objetivo de mobilizar a população em torno da importância da ciência como ferramenta para geração de valor, de inovação, de riquezas, de soluções para os desafios nacionais, de inclusão social e melhoria da qualidade de vida. Instituída por decreto presidencial em 9 de junho de 2004, é realizada todos os anos durante o mês de outubro pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em parceria com unidades de pesquisa, agências de fomento e entidades vinculadas, comunidade científica, universidades, instituições de ensino de pesquisa, escolas, museus e jardins botânicos, secretarias estaduais e municipais, empresas de base tecnológica e entidades da sociedade civil

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Durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, são realizadas, em todo o país, feiras e mostras científicas, palestras, cursos, oficinas, experimentos, atividades de observação do céu e visitas a museus e instituições de ciência e tecnologia.

No IFSC, diversos câmpus estão promovendo atividades nesta SNCT.

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