Uma receita que não é de culinária, e sim de sustentabilidade

SEPEI Data de Publicação: 24 jul 2019 08:34 Data de Atualização: 24 jul 2019 09:12

Bagaço de cana-de-açúcar + amido da casca de batata. Para quem pensou em receita culinária, se enganou. A então aluna do Ensino Médio Técnico Integrado em Química do Câmpus Jaraguá do Sul-Centro, Danielle Vitória Dias, tinha um compromisso com a sustentabilidade. Para ela, o descarte incorreto de resíduos é um agravante para os problemas ambientais, e propôs o trabalho “Fabricação de papel utilizando celulose extraída do bagaço de cana-de-açúcar com adição de amido extraído da casca de batata como aditivo”, apresentado no Seminário de Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação (Sepei) em 2018. A edição 2019 do evento acontece terça, quarta e quinta-feira da próxima semana, dias 30 e 31 de julho, e 1 de agosto, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó.

A pesquisa mostra a abundância de resíduos descartados anualmente do bagaço da cana-de-açúcar, que atinge 90,66 milhões de toneladas, e das cascas da batata que chegam a 300 mil toneladas. A forma como esses resíduos se decompõem afetam os recursos naturais e colaboram na poluição do solo, ar e água. 

Na prática

O objetivo do trabalho foi extrair a celulose - polissacarídeo presente na parede celular das plantas - do bagaço de cana-de-açúcar, rejeito significativo na fabricação de papel, pelo método de Soxhlet (promove a interação dos solventes adicionados, hexano e álcool etílico), que reage com os lipídeos e carboidratos. Após evaporados e condensados, é obtida a celulose. A comprovação do material acontece por espectrometria de infravermelho, que analisa suas peculiaridades.

Para a extração do amido, as cascas da batata são lavadas, trituradas em água gelada e coadas. O líquido fica 48 horas em processo de decantação (separação de misturas heterogêneas). Em seguida o material obtido vai para uma estufa a 40º C por 90 minutos. 

O teste realizado com o amido e a celulose em mistura homogênea, apresentou maior resistência da folha de papel, comparado ao sem adição do material. 

Para Danielle esse trabalho é uma forma de reaproveitar um um produto que seria descartado. “A formação desse papel requer menos processos que a original, com uso da madeira, e ainda é uma proposta que vem de encontro à sustentabilidade”, explica.

Sepei 2019

A 8ª edição do Sepei receberá a comunidade do Instituto para atividades como palestras, oficinas, apresentação de trabalhos, sessões culturais, desafios tecnológicos, premiações, visitas culturais e muito mais.

O evento é um espaço de circulação de ciência, com apresentação de resultados de mais de 500 práticas da educação profissional, no que se refere a ensino, pesquisa, extensão e inovação. 

As palestras, oficinas, hackathon, torneio de robótica, rodas de conversas, feira tecnológica, workshop e outras atividades previstas convergem para uma imersão à temática "Mundo digital e futuro do trabalho". Espera-se que após essa experiência de três dias, os participantes consigam estabelecer os rumos do fazer profissional na sociedade contemporânea.

Seguindo na mesma linha de Danielle, o Seminário traz três trabalhos sobre sustentabilidade, reciclagem, realizados no Câmpus Criciúma: Preparação de membranas de acetato de celulose obtido por meio da reciclagem de resíduos de aparas de papel, Automatização do processo de secaem de papel artesanal reciclado, e Reciclif: a educação ambiental por meio de oficinas de reciclagem de papel.

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